Zelda: Minish Cap - A Princesa, o Feiticeiro e o Capuz


Eu definitivamente não sou um dos maiores fãs da franquia Zelda.

Não por questões técnicas em si, mas por poucos jogos terem me interessado ao ponto de resolver jogá-los, como Breath of the Wild que, por eu não possuir um Switch/WiiU, fico na vontade.
Outros como Ocarina of Time, estão naquele hall de "jogos intocáveis que você é obrigado a jogar se não a gente reclama no twitter", como Shadow of the Colossus ou até Chrono Trigger.

Na verdade, pra mim Ocarina of Time ocupa a mesma prateleira do álbum Dark Side of the Moon. Todos amam com todas as suas forças, você não pode simplesmente achar "legalzinho", você tem que amar e ponto.

Isso pode parecer uma ofensa, tanto para os fãs de Pink Floyd, quanto para os fãs de TLoZ. Mas parece que, para se interessar por aquilo, você precisa amar o que todo mundo ama, sabe?

E não, eu não tô dizendo que o álbum do Pink Floyd ou o jogo do 64 são ruins, longe disso, eu entendo que são o ápice de sua franquia/banda, sendo assim, os seus maiores títulos. Novamente voltando às questões técnicas, Ocarina of Time é perfeito em tudo que ele se propõe, sendo um dos melhores jogos de todos os tempos. Porém, ele simplesmente não me atrai tanto, não faz meu tipo.

Não que meu gosto fosse base de comparação para algo. Antes da Nintendo conceber BoTW, o jogo que eu mais queria jogar era o Skyward Sword. Então, tirem suas próprias conclusões a respeito dos meus gostos duvidosos.

Na verdade, a grande questão é o fato de que The Legend of Zelda foge muito do padrão tradicional dos RPGs, e até mesmo dos jogos de ação/aventura. Essa franquia criou um gênero próprio, desde estilo visual até gameplay, estilo de narrativa e etc. Podemos ver esse gênero se materializar em títulos indies atuais, como Oceanhorn, Moonlighter ou Stardew Valley. Isso mostra o poder que a franquia tem de se reinventar ao mesmo tempo que consegue manter características clássicas.


Pra quem for passear um pouco no blog vai perceber o quanto eu gosto de RPGs. Características como loot, level up, um leque maior de personalização de personagem (no que se refere a evoluir o personagem ao tempo do jogador) são o que mais me prendem em um jogo. Essas características não fazem parte da essência de Zelda, justamente por isso que nunca me prendi tanto a um título da franquia.

Nunca me prendi tanto vírgula, já que um jogo em específico me chamou bastante atenção: Minish Cap.

Esse jogo tem carisma. O tipo de carisma que me atrai. Gráficos, jogabilidade e trilha sonora, esse jogo pega bem no fundo da minha alma.

Chega a ser satisfatório ver as animações desse jogo, sem contar as músicas que são incríveis, as dungeons que são desafiadoras e interessantes e a fluidez da jogabilidade.

Ah, esses olhinhos piscando...

Já a história, bem... Zelda não é daquelas franquias que você espera grandes enredos. É mais do tipo "busque os quatro cristais espalhados por templos elementais para reforjar a espada e salvar a princesa da magia do feiticeiro malvado".

Então... Esse é uma boa forma de resumir a história desse jogo.

Não, isso não diminui a qualidade do jogo. Na realidade, nem sentimos falta de uma história complexa ou grandes reviravoltas.

A mitologia do mundo é o principal ponto, a origem dos personagens e dos itens são o que diferenciam e individualizam cada título.

Desde o Skyward Sword, que mostra uma origem alternativa à clássica Master Sword, até o próprio Minish Cap, que cria toda uma mitologia por trás do capuz do menino Link.

Não que sintamos falta da origem de um capuz, ou que essa história faça alguma diferença para a franquia, mas é um acréscimo interessante a um universo tão rico como esse.

O capuz, por sua vez, é o grande diferencial desse título. Enquanto no Ocarina of Time tínhamos a Ocarina, e no Majora's Mask tínhamos as máscaras, o "item mágico" principal aqui, que na verdade se chama Ezlo, é um minish ancião que foi amaldiçoado por seu antigo discípulo e acabou se tornando um tipo de pássaro sem asas nem pernas que fala e pode conjurar uma magia para tornar o usuário em um minish(?).

É estranho, eu sei, mas conforme vai jogando, a mecânica se mostra interessante e bem utilizada, fazendo o jogador perceber certos detalhes que passaram despercebidos antes.

É sério, quando o jogador conhece o mundo dos picori pela primeira vez, os seus caminhos e suas casas parecem surgir do nada pelo mapa, já que são minúsculas e passam desapercebidas por qualquer um.

Esse poder cria também uma perspectiva completamente diferente do mundo ao redor. Além dos cenários que são incríveis, criaturas que são minúsculas e quase inofensivas quando no tamanho normal, se tornam bastante desafiadoras quando as enfrentamos na forma picori.

É bem engraçado quando percebemos que o primeiro chefe do jogo é, na verdade, um simples chu chu -uma das criaturas mais fáceis do jogo, quando o enfrentamos na forma humana.

Esse contraste acaba criando experiência mais doce e remete a memórias infantis, quando tudo parece gigante e inalcançável.

Em relação ás críticas, ele é realmente bem avaliado. Ele possui um nota 89 no metacritic -uma média baseada na opinião de 56 sites e críticos especializados. Os maiores defeitos apontados são com relação à sua falta de inovação para a franquia e o fato de ser um jogo relativamente curto. O jogo utiliza de itens e conceitos um tanto clichês para a série, o tornando previsível e relativamente fácil para fãs de longa data da franquia.

Eu, por outro lado, não considero isso necessariamente um defeito. Acho que essas características e a rápida jogatina tornam o jogo perfeito para que novos jogadores conheçam a série, assim como eu fiz.

Por fim, digo que esse jogo é recomendadíssimo a qualquer um que deseja ter um título com o nome Zelda na capa em sua estante.

Feliz 2020 à todos!

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