CURTAS: THE BANNER SAGA

 


O sol parou.

Por algum motivo inexplicável, Dredges -golens gigantes de pedra estão atacando diversos locais habitados por homens e por Varls, seres gigantes que lutaram contra essas criaturas malignas no passado.

Ao que parece, os tempos de paz cessaram e novas guerras voltarão a eclodir.

É nesse contexto de tensão que surge The Banner Saga.

Com um imenso foco em narrativa, The Banner Saga chama a atenção por seu visual e, muito além disso, pela sua mecânica de gameplay bastante simples e que, mesmo assim, fornece uma densa camada de estratégia.

Dividindo o jogo em partes, podemos dizer que existem três grandes momentos da jogatina: as safe-zones, momentos em grandes cidades, vilarejos ou acampamentos que, dependendo de onde for, possibilita descansar para recuperar os membros da equipe, comprar mantimentos ou itens, ou mesmo fazer treinamentos de batalhas para testar todos os personagens sem comprometê-los; as grandes jornadas, em que você gerencia os recursos gastos diariamente, além de encontrar diversos eventos aleatórios que podem resultar em algum tipo de ajuda ou mesmo em um grande obstáculo, muitos dos quais se tornam batalhas e, por fim, as próprias lutas, baseadas em turnos no clássico estilo tática de Disgaea, FF Tactics, Tactics Ogre, entre outros.

As mecânicas do jogo são bastante simplórias, sem grandes inovações. Cada personagem possui atributos simples, sendo que o dano causado ou recebido é calculado como uma simples conta de subtração. Cada personagem, durante a batalha, possui sua barra de vida e a sua barra de escudo. Quanto maior o escudo, menos dano é recebido, entretanto, quanto menor a vida, menos dano será causado. Essa ideia de simplificar os atributos individuais dos personagens foi extremamente acertada, já que isso não afetou em nada no conceito estratégico do jogo.

Esse tipo de decisão vai na contramão da ideia de dezenas de números aleatórios espalhados na tela e que o jogador precisar criar toda uma planilha de excel para que sua build seja perfeita e invencível.

Aqui, tudo se torna mais simples, porém não prejudica em nada o sistema de batalha, muito pelo contrário, o jogo apenas se beneficia desse recurso.


Além de comandar sua tropa em batalha, é necessário também gerenciá-los durante as grandes expedições. Isso porque o jogo possui um sistema de dias, em que cada dia passado, uma quantidade de recursos é consumida, de acordo com a quantidade de membros você possua ao seu lado.

É útil possuir uma grande gama membros no seu exército, já que te dará vantagem no encontro contra inimigos. Porém, é preciso lembrar que, quanto mais gente, mais recurso será consumido. Manter o povo bem descansado e alimentado aumentam a moral, que gera uma vantagem durante as batalhas. Possuir a moral baixa acarretará em uma desvantagem.

Apesar do sistema de batalha interessante, The Banner Saga possui uma história bastante intrigante, que é desenvolvida por meio de muitos diálogos. E quando eu falo muitos diálogos, eu quero dizer que são realmente MUITOS diálogos.

Esse jogo é quase que uma visual novel, em que certos momentos você pode entrar em um RPG tático pra dar uma variada. Isso torna o jogo lento, arrastado, mas pra quem curte uma boa narrativa, esse é um prato cheio.

Aqui, toda decisão importa. Durante as batalhas, por exemplo, se uma unidade for abatida, ela fica ferida e necessita de uma determinada quantidade de dias de descanso para se recuperar. Caso utilize uma unidade ferida na batalha e essa unidade seja novamente derrotada, esse personagem morre para a história.

Mesmo personagens importantes podem morrer. Além das batalhas, em diversos momentos de decisão, é possível mudar completamente o rumo da história. Dentre essas mudanças, é possível, por exemplo salvar ou perder algum aliado. Isso torna o jogo bastante vivo, você sente o impacto de cada decisão.


O ponto negativo, no entanto, é que The Banner Saga é uma grande história dividida em três, sendo que suas duas continuações são a continuação direta da história.

Cada título não possui um arco central próprio, com um começo meio e fim. São, basicamente, o mesmo jogo dividido em três. Não existem grandes mudanças de um título para o outro, além da continuação direta da história. Isso é ainda mais frustrante quando você percebe que cada título possui apenas dez horas de duração, sendo que poderiam facilmente criar apenas um jogo de trinta horas, ainda mais robusto, ao invés de dividi-los em três títulos que não são independentes entre si.


Com relação à estética, como já dito antes, é um destaque à parte. O visual do jogo é todo desenhado à mão, desde as cutscenes muitíssimo bem animadas, até os sprites de batalhas, que são belíssimos, diga-se de passagem. É possível sentir o peso das armas, o impacto dos golpes, coisa que é bem difícil de ser atingida em um jogo do gênero. E vale lembrar: todas as imagens utilizadas nesse post são diretamente do jogo, em momentos de cutscenes, diálogos ou batalhas. Mesmo nos diálogos com personagens "estáticos", eles são bem animados. Tudo nesse jogo é agradável de se ver.

A trilha sonora é outro ponto alto do título. Ela é simples, porem retrata muito bem a sensação de se viver em um local hostil como esse. Ela ajuda ainda mais a se familiarizar com toda a ambientação do jogo.


The Banner Saga é um ótimo título e que merece sim a sua atenção. É bastante arrastado, mas entrega uma ótima história, com ótimos personagens, uma boa mecânica de batalha e um sistema bastante interessante de gerenciamento.

Recomendo, ainda mais, pra quem sente falta de um bom RPG tático na cena indie.

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