Pokémon e a decadência da Game Freak
AVISO: Esse é um artigo de OPINIÃO PESSOAL. Não há problemas em discordâncias e um bom debate é sempre bem vindo.
Depender de um camisa dez, à curto prazo, pode ser uma estratégia bem interessante. Porém a médio e longo prazo, sua estratégia se torna previsível e repetitiva, fazendo você perder o foco do seu time. Pode parecer que estou falando de futebol, mas na verdade estou falando de Pokémon. De fato, essa é uma das maiores franquias de jogos de todos os tempo e inquestionavelmente conhecida e bem sucedida. Porém, isso acarretou em uma zona de conforto de seus desenvolvedores que, em outra analogia esportiva, levaram a sério de mais o ditado "time que está ganhando não se mexe".
Cair na zona de conforto pode parecer interessante no início, você não precisa criar grandes estratégias quando o camisa dez está ganhando os jogos sozinho.
Porém, quando deixamos que a franquia faça dinheiro sozinha, sem nenhuma inovação, ela rapidamente se torna chata e repetitiva.
É exatamente o que acontece com Pokémon, uma franquia que não inovou em quase absolutamente nada desde sua criação. Sua existência hoje em dia deve apenas ao grande número de fãs que ela adquiriu com o passar dos anos. Impressionantemente, uma das fanbases mais fiéis que eu já vi.
O motivo que me fez decidir em escrever esse artigo foi, justamente, o anúncio da nova (oitava) geração. Com ele, percebi a qual fanbase essa franquia foi se meter.
Mas para continuar, preciso dividir minha opinião em partes, que começa desde o Pokémon Go.
Pokemon Go
Eu até entendo o motivo pelo sucesso desse jogo. De fato, quando foi anunciado, Pokémon Go me chamou muita atenção: desde criança eu sonhava em sair e caçar pokémon.
Mas foi a maior decepção. O jogo é chato, as mecânicas são ruins e, o mais grave: NÃO HÁ BATALHAS.
Capturar pokémon sem batalhar é a pior mecânica já introduzida na franquia. "-Ah, mas e o Pokémon Guardians?" Pelo menos esse jogo tinha uma mecânica interessante de captura, que tinha uma desculpa convincente de ser utilizada. Além do mais, não tentaram jogar aquela mecânica guela abaixo da série principal, como fizeram em Pokémon Go e Let's Go.
Fora tudo isso, o jogo foi lançado incompleto. Pokémon Go, três anos após seu lançamento, após seus quinze minutos de fama que mal duraram seis meses, ainda não implantou o sistema de batalha ou de trocas de pokémon. Não estou me esquecendo das Raids, que até são, de certa forma, interessantes, mas o jogo em si tira a graça de qualquer mecânica minimamente divertida.
Pokémon Let's Go
Aqui temos um peixe grande. Se, por um lado, não faz sentido reclamar de Pokémon Go por ser apenas um joguinho gratuito de celular feito para um público muito além dos fiéis da franquia, por outro temos o Let's Go, que trouxe a péssima mecânica de captura do Go, e isso custando um preço de AAA.
Além do sistema terrível de captura, o grinding do jogo é, sem dúvida, o maior defeito. Os pokémon evoluem ao capturar outros pokémon. Isso quebra o que havia de mais interessante na franquia: a possibilidade de treinar e evoluir os pokémon de acordo com as batalhas e, quando chegassem em determinado nível, eles evoluíssem.
Para não ficar só na crítica, vejo alguns pontos positivos no jogo. Algo que eles já deveriam ter implantado há muito tempo, que são as montarias. Os pokémon de fato aparecendo no mundo, ao invés de apenas uma sombra escura, como quando utilizávamos os Fly ou o Surf.
Outro ponto positivo são os pokémon aparecendo diretamente no mundo. Confesso que acho estranho da forma com que foi apresentado. Não parecem estar lá de forma orgânica, me parece que estão descolados do cenário.
Mas, de novo, não faz sentido reclamar se esse jogo é apenas um spin-off. De fato, é louvável que tentem reformular a fórmula um pouco. Todas essas mudanças são válidas para um jogo que não faz parte da série principal.
O grande problema vem, justamente, da fanbase. Vi pessoas pedindo que a oitava geração trouxesse de volta esse sistema. Como isso é possível? Capturar o mesmo pokémon centenas de vezes é divertido? Pra quem?
Eu sei que estou velho de mais pra reclamar de uma franquia com foco no público infantil. Mas, de fato, a fanbase inteira já está velha de mais pra pedir um jogo ainda mais fácil e infantil do que os que já haviam recebendo há mais de vinte anos.
E, só para não deixar em branco, a oitava geração tem uma ótima ambientação. Pelo que vi de teorias, pode haver uma certa ligação com Kalos, por ambos serem ambientados na Europa. Já sobre os iniciais, assim como na última geração, não boto fé em nenhum. Em Alola, o Rowlet calou minha boca com sua última evolução. Porém, tirando o Decidueye, todo o resto da pokedex é desinteressante. Já em Galar, os três iniciais me parecem, para dizer o mínimo, terríveis. Se, quando divulgarem seus estágios evolutivos e algum me parecer interessante, venho me retratar no final desse mesmo artigo.
Sonhar é de graça, não?
Se eu posso reclamar, quem me tira o direito de sonhar? Vou citar abaixo como seria um jogo de pokémon perfeito na minha opinião.
Antes de tudo, não queria que fosse regra, mas sim um spin-off, pois dessa forma há maior possibilidade de modificações na franquia principal, podendo resultar em um ótimo título, assim como foi em Castlvania: Symphony of the Night.
Primeiro: uma parceria entre Game Freak/Nintendo e Square Enix. Eu sei, já falei de Chrono Trigger e Final Fantasy aqui no Baú do Chrono. Mas isso só mostra o quanto a Square é capaz de criar ótimos RPGs. (Vale lembrar também da Level-5, empresa essa que produziu, entre títulos como Dragon Quest VIII e Yo-kai Watch, o Ni No Kuni, título bem interessante e que se inspirou bastante em Pokémon.)
Segundo: esse jogo seria nos moldes de Dragon Quest XI: em quesitos de gráfico e jogabilidade. Não me refiro aos traços do Akira Toriyama (por favor, sem os traços dele), mas sim pelo fato de DQ ter um estilo cartunesco e carismático, assim como Pokémon.
Terceiro: utilizando a jogabilidade e os gráficos de DQ, aquele problema que eu disse em relação aos pokémon aparecerem diretamente no mapa de Let's Go se resolveria, já que a câmera e os gráficos seriam bem mais uniformes e condizentes à mecânica.
Quarto: se manteriam as batalhas por turno, assim como em DQ XI:
Talvez fazendo alguma alteração nas mecânicas, como por exemplo em, ao invés das habilidades possuírem um limite de quatro e as outras serem apagadas, as skills se manteriam, podendo alterar as quatro padrões antes de entrar no combate em si.
Considerações finais
Enfim. Eu sou só um marmanjo reclamando de um joguinho de criança. Mas, de fato, essa franquia fez parte da minha infância.
Como um dos meus sonhos de criança, caçar pokémon na vida real foi bem amargoso com Pokémon Go. Detective Pikachu vem aí e tem grandes chances de realizar outro sonho: o de um live action de pokémon.
Quando descobri a internet, a coisa que mais fazia era pesquisar "filmes de pokémon na vida real". Dentre um trailer escabroso de mal feito e uma paródia do Smosh, nunca encontrei o que procurava.
Detective Pikachu tem um grande potencial, e espero realmente que me agrade (dificilmente vai me desagradar, eu gosto de assistir live actions ruins. Até mesmo Dragon Ball Evolution me diverte.)
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